"O espaço comercial ibérico é uma realidade"
Diversos responsáveis por bancos e outras empresas consideram que a cooperação ibérica é uma oportunidade mútua para Espanha e Portugal.
Carlos Monteiro (www.expresso.pt )
15:34 Sexta-feira, 30 de Out de 2009
"Acho muito difícil encontrar no mundo dois países mais próximos que Espanha e Portugal" quer em termos políticos, económicos ou sociais, disse hoje Alberto Charro, administrador delegado do BBVA Portugal, enquanto falava no Fórum Negócios Ibéricos, realizado quinta-feira. "A nossa presença europeia faz muito mais sentido se estamos juntos" diz Alberto Charro, acrescentando que "a língua é um factor importante.
Uma em cada dez pessoas do mundo fala Português ou Espanhol".
O administrador delegado do BBVA falou também sobre a cooperação ibérica em termos de economia, política (realçando o ensino mútuo das línguas), defesa e desporto, "é paradigmática a candidatura conjunta ao Mundial" de 2018 e 2022.
Alberto Charro revelou ainda a vontade do BBVA de crescer em Portugal.Francisco Ferreira da Silva, subdirector do diário económico, lançou diversos dados sobre o comércio entre Portugal e Espanha, como que Espanha compra um quarto das exportações portuguesas e é dos países que mais turistas fornece a Portugal, se bem que o investimento de Espanha em Portugal caiu "a pique" este ano. Por sua vez Espanha tem Portugal como 3º pais que mais importa os seus produtos e serviços. Foi também mencionado que o sucesso do comércio não é bilateral e que Espanha ganha, havendo no entanto várias marcas portuguesas de sucesso em Espanha.
Rodolfo Lavrador, administrador da CGD trouxe dados importantes sobre as exportações e a banca ibérica, segundo os quais 30% das exportações portuguesas são compradas por Espanha e 10% das exportações espanholas são compradas por Portugal. Relativamente à banca, Rodolfo Lavrador afirma que "todos os grandes bancos (ibéricos) estão nos dois países", realçando a posição da CGD como 5º banco ibérico e único banco português na lista dos 50 bancos mais sólidos do mundo. Quanto a expectativas para o futuro, o administrador da CGD aponta que "Espanha tem 20% das agências em Portugal. Portugal deveria ter um quarto ou um quinto, esta devia ser a nossa meta".Espanha como segurança
Na segunda parte, dedicada a Grupos Ibéricos Industriais e de Distribuição, José Luís Simões, presidente do Grupo Luís Simões, abordou aspectos relativos à história da iberização e à situação actual da sua empresa. José Luís Simões afirma que ingressar em Espanha (em 1984) foi uma questão de necessidade devido à crise que se passava em Portugal. O líder da Luís Simões disse ainda que a sua empresa conta com diversos clientes multinacionais o que lhes serviu de rede de segurança com a chegada da crise, se bem que mesmo assim se sentem os constrangimentos da mesma. Fora focar os pontos fortes da sua empresa, José Luís Simões confessa que considera a sua concorrência desproporcional, pois ou compete com grandes multinacionais ou com empresas "demasiado pequenas".Carlos Gomes da Silva, administrador executivo da Galp Energia apresentou a evolução internacional da Galp, desde os primeiros passos da sua iberização em 1979. Segundo o seu estudo a Galp é a única empresa portuguesa é ter vendas iguais em Portugal e Espanha. Mencionou também a recente aquisição das estações de serviço da Esso e da Agip que elevou o número de estações da Galp na península ibérica para cerca de 1.500, assim como as mais de 6.000 empresas clientes e o número de postos de vendas de GPL, superior a 20.000. Carlos da Silva realçou a forte aposta na venda de gás natural em Espanha, admitindo ainda assim que os resultados de 2008 ainda estavam aquém das expectativas. A Galp possui 2 das onze refinarias ibéricas e está perto de se tornar o operador ibérico com maior base de recursos petrolíferos.O último orador na secção de grupos industriais e de distribuição foi Jorge Cruz Morais, administrador executivo da EDP. A energética começou a sua internacionalização em 1996 mas no Brasil, tendo a iberização ocorrido numa segunda fase. A EDP constitui hoje o 3º maior grupo energético ibérico com 78% do seu EBITDA de 2009 referente a Portugal (52%) e Espanha (26%).Intercâmbio comercial ibérico
Enrique Santos, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso Espanhola, adicionou mais dados sobre o intercâmbio comercial ibérico. Das cerca de 1250 empresas espanholas em Portugal os maiores sectores são, em força de trabalho, a segurança e limpeza, banca, bebidas e alimentação e os têxteis e confecção; e em facturação os combustíveis e a banca. Segundo um estudo as marcas espanholas mais reconhecidas são o El Corte Inglês, BBVA, Santander, Zara, Repsol e Cepsa.
O Fórum Negócios Ibéricos realizou-se quinta-feira no Sheraton Hotal & Spa Lisboa, por iniciativa do Diário Económico, no qual diversos oradores discutiram o espaço comercial ibérico assim como a penetração das suas respectivas empresas neste mesmo espaço. A primeira metade do fórum foi dedicado à banca e a segunda aos grupos ibéricos industriais e de distribuição.
O consenso é de que o mercado ibérico é o espaço natural das empresas portuguesas e espanholas.
Fonte: Expresso 30-out-09
http://aeiou.expresso.pt/o-espaco-comercial-iberico-e-uma-realidade=f544741
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