06 janeiro 2007

Empresários espanhóis de olho no aeroporto de Beja

Os empresários espanhóis, com interesses próximos da raia, na Andaluzia e Estremadura, depositam confiança nas potencialidades de um aeroporto em Beja, estando convictos de que também eles vão ter as suas oportunidades. Os empresários portugueses por seu lado defendem que o sector agrícola assume-se como um dos principais utilizadores do futuro aeroporto, sendo indispensável para o desenvolvimento hortifrutícola da região e permitindo a internacionalização para novos mercados.
Estes alegam aínda que o futuro aeroporto só deverá ser rentável em 2015, começando as obras jé em 2007 e sendo prevista a conclusão em 2008, pois só nessa altura deverá ter um número aceitável de passageiros. Justificando que os projectos turísticos previstos para esta zona do país terão um papel preponderante no tráfego aéreo, mas só num horizonte de oito a dez anos, quando a capacidade hoteleira instalada atingir as 60 mil camas. A oferta prevista para o litoral alentejano é de 35 mil camas, com capacidade para receber mais de sete mil pessoas. Para além disso, com a existência de uma base aérea em Beja, situada a 170 quilómetros de Lisboa e a cem do Algarve, esta poderá ser utilizada como aeroporto comercial.

Sem dúvida que a localização é bastante favorável, tanto para os portugueses como para os espanhóis, que vêem neste investimento uma forma de captar mais turistas para a região, sobretudo de Londres, Paris e alguns países nórdicos. No caso espanhol, já exitem infra-estruturas montadas para receber os turistas, como é o caso da oferta de campos de golfe, turismo de aventura, desportivo e cultural na zona da fronteira, sendo mais vantajoso para estes ter um aeroporto a 100 Kms em Beja, em vez do actual de Sevilha que se encontra a 200 Kms. Se as acessibilidades aéreas e terrestres forem boas e a capacidade hoteleira adequada à procura, os turistas que visitam Espanha poderão ficar alojados em Beja e aproveitar a sua estadia para visitar Portugal, especialmente as zonas mais próximas como a barragem do Alqueva, o maior lago artificial da Eurpa e a costa alentejana.
De facto, toda toda a zona do Alentejo poderá afirmar-se finalmente como destino turístico de qualidade, oferecendo condições naturais e históricas que em nada diferem das que tornam poderosa a região de turismo da Extremadura espanhola, toda essa região passará a estar servida por um aeroporto internacional de grande qualidade. Também as low cost terão em Beja uma base operativa com condições económicas e técnicas muito favoráveis, que lhes permite cobrir, com os adequados interfaces com as estruturas rodo e ferroviárias, uma extensa região, a uma distância de voo de até pouco mais de duas horas de duração, com origem em qualquer das maiores cidades espanholas e do centro da Europa. Foi assim que o turismo residencial do Sul de França conheceu um boom fantástico na década de 90. O Alentejo e as regiões limítrofes terão, assim, a possibilidade de alcançar finalmente uma dimensão macroeconómica ajustada aos enormes atributos naturais e histórico-culturais que possuem.


Fonte: Jornal "Diário de Notícias", 27 de Dezembro de 2006.

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